quarta-feira, 25 de abril de 2012

TRABALHANDO COM A HISTÓRIA A LARANJA COLORIDA


A laranja colorida
Esta é a história de uma laranja.
Ela era ainda uma laranjinha quando ouviu os meninos dizerem:
__ Quando ela estiver grande e madura nós vamos parti-la ao meio e cada um de nós vai comer a metade dela.
__Mas a minha metade tem de ser do tamanho da sua, viu?
__ E vamos brincar de carocinho.
A laranja não sabia o que era brincar de carocinho, mas sabia que ia crescer e ficar madura para ser saboreada pelos meninos.
Acontece que ainda não estava de todo madura quando começou a ser cobiçada. Quem passava na estrada a olhava com desejo. Os passarinhos andavam bicando suas companheiras.
Ela pensou:
__Não demora muito e me descobrem também. Gente ou passarinho.
Pensou muito, muito. Resolveu disfarçar-se.
Pediu à borboleta vermelha:
__ Me dá um pouco da tinta que colore suas asas, borboleta vermelha.
A borboleta vermelha deu.
A tinta, porém, foi pouca.
A laranja, pediu, então, à borboleta azul:
__ Me dá um pouco da cor das suas asas, borboleta azul.
Ainda foi pouco.
No entanto, como nenhuma borboleta lhe negasse as cores, a laranja foi ficando toda pintada.
Quando faltava pouco, um sabiá pousado no galho de cima completou seu disfarce: fez um cocozinho esverdeado, quase furta-cor, sobre ela.
Foi ai que aconteceu o desaponto. Os meninos chegaram e não a viram, tão disfarçada ela estava. Subiram na laranjeira, chuparam outras laranjas e foram embora.
A laranja pensou:
__Tive tanto cuidado em me guardar para eles! Como fazer agora?
Por sorte, durante a noite caiu uma chuva fininha, suave, que a lavou toda, no banho mais gostoso de sua vida.
Os meninos a viram: grande, bem madura, pronta para ser colhida.
__É a nossa laranja, disseram eles.
E a colheram.
Com uma faca bem amoladinha o pai a descascou. E a partiu em dois pedaços bem iguais.
A laranja estava deliciosa.
O jogo dos carocinhos foi, afinal, jogado.
O menino falou:
__ Adivinha quantos caroços eu tenho na minha boca.
E a menina repetiu:
__Adivinha quantos eu tenho?
Ninguém adivinhou.
O menino cuspiu um, cuspiu mais um, mais um, mais um: quatro ao todo.
A menina cuspiu, um a um, seis caroços.
Eram dez sementes, que eles plantaram no pomar.
E foi assim que a laranja colorida se transformou numa porção de laranjeiras.
(COELHO, Ronaldo Simões. A Laranja colorida. Belo Horizonte: Le. 1987.)

Releitura da história “A laranja colorida” de Roberto Simões.



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